Inseminação artificial, inseminação intrauterina, fertilização in vitro: será que todos esses nomes se referem ao mesmo tipo de tratamento? É possível que você tenha essa dúvida, assim como muitas pessoas. Você verá a resposta neste texto, também entenderá a importância dessas técnicas para aumentar as chances de gravidez.
A inseminação intrauterina, considerada uma técnica de baixa complexidade, faz parte dos tratamentos de reprodução humana assistida e consiste na introdução do sêmen no útero da paciente durante o período fértil.
Para isso, é feito o preparo do sêmen em laboratório. Também acompanhamos o desenvolvimento e o amadurecimento dos folículos ovarianos, processo que antecede a ovulação da mulher, para saber o momento certo de introduzir os espermatozoides no útero.
Então, os espermatozoides devem migrar para as tubas uterinas ou trompas de falópio e encontrar o óvulo. Caso a fecundação aconteça, o embrião retorna pela tuba para se implantar no endométrio, a camada interna do útero.
Respondendo à pergunta feita no primeiro parágrafo: inseminação artificial e inseminação intrauterina são nomes utilizados para a mesma técnica. Já a fertilização in vitro (FIV) é um tratamento diferente, mais complexo.
Muitas pessoas desconhecem esses tratamentos de reprodução humana e utilizam genericamente o termo inseminação artificial para se referir a todas as técnicas, inclusive à FIV, mas existem importantes diferenças.
Na inseminação intrauterina, o sêmen é introduzido no útero e o óvulo é fertilizado naturalmente, dentro do corpo da mulher. Na FIV, os óvulos são coletados, o embrião é formado em laboratório e transferido para o útero após seus primeiros dias de desenvolvimento em incubadora.
A inseminação intrauterina pode ser indicada quando os fatores de infertilidade são mais simples de contornar. Casos mais complexos podem precisar de um tratamento com FIV, mas somente é possível chegar à indicação adequada após uma extensa investigação do casal.
Há dois critérios importantes para que a inseminação intrauterina tenha chances de sucesso: a idade da mulher, preferencialmente abaixo dos 35 anos; a permeabilidade das trompas, isto é, as tubas uterinas devem estar saudáveis, sem obstruções ou distorção anatômica.
A inseminação artificial é uma possibilidade nos casos de:
Diferentemente da FIV, a inseminação artificial tem um curto passo a passo. As etapas são: acompanhamento da ovulação, preparo da amostra de sêmen e introdução dos espermatozoides no útero, mas há uma etapa prévia fundamental: preparação.
Veja cada etapa em detalhes:
Uma avaliação completa prévia do casal é importante para conhecermos os diagnósticos que aquele casal tem e para otimizar ambos. O principal objetivo é mitigar o impacto dos fatores de infertilidade e aumentar ao máximo o potencial do casal. Dessa forma, na preparação, complementamos a investigação do casal e fazemos a otimização.
A investigação minuciosa nos permite indicar o melhor tratamento. É comum identificar um problema de fertilidade e atribuir a ele toda a dificuldade de engravidar, mas 30% dos casais têm mais de um fator que afeta a fertilidade. Não fazer essa investigação é tratar a fertilidade do casal apenas parcialmente e deixar de oferecer o tratamento mais adequado.
A otimização consiste em diminuir o impacto dos fatores de infertilidade naquele casal. Precisamos otimizar ao máximo a qualidade oocitária e a espermática, assim como a receptividade endometrial. Isso possibilita aumentar as chances de gravidez e evitar mais frustrações.
Primeiramente, precisamos monitorar o processo pré-ovulatório com uma série de exames de ultrassom transvaginal para saber quando a mulher estará no período fértil para receber os espermatozoides.
A estimulação ovariana é uma técnica de administração de medicações hormonais, similares aos que agem no corpo feminino para promover a ovulação. Esses fármacos estimulam o desenvolvimento e o amadurecimento dos folículos ovarianos, que guardam os óvulos.
O objetivo aqui é fazer uma estimulação leve para ter o desenvolvimento de 2 a 3 folículos dominantes. O intuito é maximizar a chance de gravidez, sem aumentar de maneira significativa o risco de gestação múltipla (trigemelares, quadrigemelares e assim por diante).
O preparo seminal é importante para selecionar uma amostra com espermatozoides de boa qualidade, em relação aos parâmetros de morfologia e motilidade. Para isso, são empregados métodos de capacitação espermática.
Os espermatozoides mortos ou imóveis, assim como gametas imaturos, células não germinativas, leucócitos e detritos, são excluídos da amostra, permanecendo somente as células reprodutivas com maior potencial para chegar até o óvulo e fertilizá-lo.
No período fértil da mulher, preferencialmente no período periovulatório, a amostra preparada de sêmen é colocada dentro do útero com um cateter. O procedimento é rápido, indolor e pode ser feito em consultório.
Dali em diante, todo o processo conceptivo ocorre de forma natural. Os espermatozoides devem seguir para as trompas, onde ocorre a fertilização. Se o óvulo for fecundado, o embrião é levado para a cavidade uterina devido aos movimentos da tuba.
Cerca de duas semanas depois da inseminação, podemos realizar um teste de gravidez para confirmar se houve fecundação e implantação do embrião no útero.
As taxas de gravidez com inseminação intrauterina são semelhantes às de gestações espontâneas, aproximadamente 20%. Esse número varia conforme a idade feminina e outros fatores, como a qualidade dos óvulos e espermatozoides e as condições uterinas. Após os 38 anos, as chances de sucesso da inseminação intrauterina e da gravidez espontânea se equivalem e, por isso, já não passa a ter mais indicação.
Se o casal não conseguir o seu resultado positivo após alguns ciclos de tentativas com inseminação artificial, podemos avaliar outra forma de tratamento, sendo a fertilização in vitro uma técnica com taxas mais altas de sucesso.
Seja qual for a técnica recomendada, é sempre importante que o casal faça, primeiramente, a otimização da fertilidade com mudanças no estilo de vida: melhoras dietéticas, prática frequente de atividades físicas, abstenção ou redução de hábitos prejudiciais à saúde e, se necessário, suplementação vitamínica. Com essas adaptações, é possível até mesmo que uma gravidez espontânea aconteça antes do tratamento.
Com uma investigação bem-feita dos fatores de infertilidade e uma conduta proativa para otimizar a fertilidade, é possível extrair o máximo do potencial reprodutivo de cada casal e aumentar as chances de uma gestação saudável.
As técnicas de reprodução humana, como a inseminação intrauterina e a FIV, são caminhos para facilitar a realização do sonho da gravidez, mas o primeiro passo nessa direção é você quem precisa dar. Não espere o tempo passar, alimentando frustrações, dúvidas e inseguranças! Quanto antes você procurar avaliação médica, mais possibilidades terá para transformar e fortalecer a tua família.