Você sabe quais são os órgãos femininos fundamentais para a concepção? Os ovários, as tubas uterinas e o útero. Eles estão localizados na região pélvica, no trato reprodutivo superior, e são responsáveis pelas etapas de ovulação, fertilização e gravidez. Exames como a histerossalpingografia é importante para avaliar predominantemente a trompa uterina, podendo ser sugestivo de algumas alterações uterinas.
Quando um casal se depara com dificuldades para engravidar, o melhor caminho é procurar um especialista em medicina reprodutiva e realizar uma investigação detalhada. Vários exames, femininos e masculinos, podem ser solicitados. A histerossalpingografia é um deles, seu objetivo é avaliar a permeabilidade das tubas uterinas e a anatomia do útero.
As tubas uterinas ou trompas de falópio são dois tubos de aproximadamente 12 cm, ligados à parte superior do útero, um de cada lado. Elas se prolongam até próximo dos ovários e têm a importante função de captar o óvulo no momento da ovulação.
É dentro de uma das tubas que o óvulo é fertilizado. A trompa possui cílios e faz movimentos contráteis que auxiliam na progressão dos espermatozoides para encontrar e fertilizar o óvulo, bem como no retorno do embrião resultante para que ele se implante no útero.
Para cumprir todas as suas funções adequadamente, as trompas precisam ter boa permeabilidade, isto é, devem estar desobstruídas. Algumas condições podem causar obstrução tubária, representando boa parte dos casos de infertilidade feminina.
A obstrução pode ocorrer em uma ou em ambas as tubas, dificultando o processo natural de concepção. Entre as causas, estão: infecções pélvicas, endometriose, defeitos congênitos e laqueadura. Além de infertilidade, as alterações tubárias podem aumentar o risco de gravidez ectópica.
A histerossalpingografia é um dos exames solicitados para investigação da infertilidade feminina. Tem boa acurácia para identificar anormalidades anatômicas no útero e nas tubas uterinas, sobretudo obstrução tubária.
Além da histerossalpingografia, a mulher pode receber indicação para a ultrassonografia pélvica e a ressonância magnética, outros exames que também podem fornecer importantes informações sobre as condições do útero e das trompas. Quando há suspeita de doenças uterinas que modifiquem a estrutura interna do útero (como pólipo endometrial, mioma submucoso, útero septado, sinequia uterina etc.), a histeroscopia é a técnica especificamente indicada para avaliar e tratar as alterações endocavitárias.
O exame de histerossalpingografia é contraindicado para mulheres grávidas ou com infecção pélvica ativa. Pacientes com alergia ao iodo também devem ser cuidadosamente avaliadas antes da indicação, visto que o exame é feito com contraste iodado.
A histerossalpingografia ajuda a diagnosticar principalmente anormalidades nas tubas uterinas, incluindo hidrossalpinge e obstruções ou distorções tubárias causadas por aderências de tecido cicatricial.
A hidrossalpinge é uma dilatação da tuba uterina decorrente do acúmulo de líquido em seu interior. Geralmente, é uma sequela de um processo inflamatório tubário, a salpingite. Entre as principais causas dessa inflamação está a clamídia, uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais prevalentes.
As infecções genitais podem originar inflamações simultâneas em diferentes órgãos da pelve, incluindo salpingite, cervicite (no colo do útero), endometrite (no endométrio, a parte interna do útero) e ooforite (nos ovários), podendo caracterizar a doença inflamatória pélvica (DIP).
As alterações tubárias resultantes da presença de aderências cicatriciais podem estar associadas à endometriose, uma doença ginecológica que pode afetar várias partes da região pélvica e causar infertilidade devido a diversos mecanismos — a obstrução da trompa é diagnosticada com a histerossalpingografia, mas são outros exames que fecham o diagnóstico de endometriose, principalmente a ultrassonografia pélvica com protocolo especializado.
Algumas anomalias congênitas também podem ser suspeitadas com a histerossalpingografia, como o útero unicorno, caracterizado pela formação de uma cavidade uterina reduzida e ligada a somente uma tuba uterina. O útero septado, que contém uma parede de tecido no meio da cavidade, é outra possível suspeita diagnóstico, sendo o principal diagnóstico diferencial o útero bicorno.
Outras alterações no útero, como síndrome de Asherman, mioma e pólipo endometrial, também podem ser encontradas com a histerossalpingografia, mas são avaliadas de forma mais detalhada e de maneira individualizada de acordo com a suspeita, sendo alguns dos exames adicionais a ultrassonografia transvaginal, a ressonância magnética da pelve e/ou a histeroscopia.
A histerossalpingografia é uma técnica de diagnóstico por imagem feita com aplicação de contraste intrauterino sob pressão e realização de raios-X seriados. O meio de contraste é injetado por via vaginal e várias radiografias são feitas para observar como o líquido se espalha pelos órgãos.
A mulher realiza o exame em posição ginecológica. Um espéculo é introduzido no canal vaginal para visualização do colo uterino. É, então, introduzido um cateter no colo uterino para introdução do meio de contraste. O fluído deve progredir pela cavidade do útero e entrar nas trompas, preenchendo os órgãos até suas extremidades. O líquido, então, extravasa pela tuba uterina e cai na cavidade pélvica. Esse líquido, com o passar dos dias, é absorvido e eliminado pelo próprio organismo da paciente.
Pelas imagens obtidas, é possível identificar se o útero e as tubas estão morfologicamente normais ou se apresentam alterações anatômicas, como nódulos, distorções, aderências e obstruções. O exame pode suspeitar de aderências pélvicas a depender de como o líquido se dispersa na pelve da paciente. Diante dessas condições, o médico poderá avaliar as possibilidades de tratamento, que podem incluir cirurgias e técnicas de reprodução humana assistida.
A fertilização in vitro (FIV) é uma importante alternativa para mulheres com infertilidade por fator tubário. As tubas uterinas são órgãos com função imprescindível no processo reprodutivo natural, mas na FIV não são utilizadas. Isso porque os óvulos são coletados e fertilizados fora do corpo materno e, alguns dias depois, os embriões são transferidos para a cavidade uterina, prontos para a implantação no útero.
Se você realizou uma histerossalpingografia e descobriu que tem obstrução tubária ou outra alteração que dificulta a gravidez espontânea, não perca a esperança. Conte com apoio médico especializado, conheça as alternativas de tratamento e continue firme com seu objetivo de engravidar. As soluções existem, você só não pode desistir.