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Histeroscopia

Por Dr. Murilo Oliveira

Como está a saúde do seu útero? Você já deve saber que é na cavidade uterina que o bebê se desenvolve durante a gestação e que esse órgão precisa estar em boas condições para que um embrião se implante e a gravidez evolua. Entretanto, há doenças que podem prejudicar a anatomia e as funções do útero. Para tratá-las, a histeroscopia é uma importante abordagem.

Histeroscopia é uma palavra de origem grega que significa olhar ou examinar o útero. É considerada a técnica padrão ouro para avaliar e tratar doenças intrauterinas, justamente porque possibilita a visualização direta da cavidade do órgão.

Há dois tipos de histeroscopia: a diagnóstica, que tem fins diagnósticos e pode ser feita em consultório ou em centro cirúrgico; e a cirúrgica, realizada em ambiente hospitalar com a finalidade adicional de tratar patologias uterinas.

O registro da primeira histeroscopia é do século XIX, realizada na modalidade cirúrgica para tratar um pólipo endometrial. Com o aperfeiçoamento da técnica e o desenvolvimento de sistemas de iluminação e instrumentos de pequeno calibre, também passou a ser possível realizar o procedimento em ambulatório.

A histeroscopia, sobretudo na modalidade cirúrgica, tem muitas indicações e benefícios, como o tratamento de doenças sintomáticas, a melhora da fertilidade e a prevenção de malignidades, em alguns casos. Dessa forma, é possível melhorar a qualidade de vida das mulheres, evitando procedimentos operatórios mais invasivos.

Indicações para a histeroscopia

Quando realizada na modalidade ambulatorial ou diagnóstica, a histeroscopia pode ser indicada em casos de:

  • sangramento uterino anormal;
  • lesões no endométrio (camada interna do útero);
  • infertilidade;
  • remoção de corpos estranhos;
  • biópsia endometrial, diante da suspeita de endometrite, câncer e outras alterações histológicas.

Embora a histeroscopia ambulatorial seja eficaz para o diagnóstico de doenças uterinas, hoje temos outras técnicas diagnósticas menos invasivas, acessíveis e de boa acurácia, como a histerossonografia.

Em relação à histeroscopia cirúrgica, as indicações podem ser feitas quando outros exames, como a ultrassonografia ou a histerossonografia, revelam alguma condição uterina que precise ser corrigida cirurgicamente, incluindo:

  • pólipo endometrial;
  • mioma submucoso;
  • síndrome de Asherman; 
  • malformação, como o septo uterino.

São contraindicadas a realizar uma histeroscopia as mulheres: gestantes ou com suspeita de gravidez; com infecção pélvica ativa. 

Procedimentos para a realização da histeroscopia

A histeroscopia é um procedimento minimamente invasivo. O principal instrumento utilizado é o histeroscópio, sendo inserido pelo canal vaginal e posicionado em local que permite a visualização direta do interior do útero e a captação de imagens.

O histeroscópio é equipado com microcâmera e sistema de iluminação, além de conter compartimentos que possibilitam a introdução de instrumentos cirúrgicos de calibre reduzido para tratar as anormalidades encontradas dentro do útero. As imagens são acompanhadas em um monitor de vídeo e orientam as ações do médico durante todo o procedimento.

Na histeroscopia cirúrgica, a paciente é anestesiada. Em seguida, é feita a limpeza do canal cervical. Meios de distensão em fluxo contínuo, como o soro fisiológico, são utilizados para garantir que a cavidade uterina seja bem visualizada.

As mulheres em idade reprodutiva são orientadas a realizar a histeroscopia durante as duas primeiras semanas do ciclo menstrual, visto que nessa fase o endométrio está mais fino, o que facilita a identificação de lesões. Além disso, na primeira fase do ciclo menstrual, ainda não há possibilidade de gravidez, garantindo a segurança do procedimento.

A histeroscopia é simples e rápida, mesmo na modalidade cirúrgica. O tempo de internação é curto, a paciente recebe alta no mesmo dia em que realiza o procedimento. Da mesma forma, a recuperação pós-operatória é geralmente rápida e tranquila.

Após a histeroscopia, a mulher pode notar um leve sangramento, além de sentir um pouco de cólica/desconforto pélvico de leve intensidade. No entanto, é motivo de preocupação somente se surgirem sintomas mais graves, como sangramento abundante, dor abdominal e febre.

Possibilidades de engravidar após a histeroscopia

Após tratar as doenças uterinas com a histeroscopia, a mulher pode tentar engravidar de maneira natural. Dependendo da idade materna e das demais condições da saúde reprodutiva do casal, é possível que uma gestação espontânea aconteça. Entretanto, consultar um médico especialista em reprodução humana é importante para se certificar de que não há outros fatores de infertilidade.

Com acompanhamento especializado e individualizado, o casal recebe orientações específicas para mudanças no estilo de vida, o que pode levar à melhora da qualidade dos gametas e à otimização da fertilidade. Caso a gravidez não seja confirmada após determinado período de tentativas, as técnicas de reprodução assistida são alternativas com boas chances de sucesso.

As técnicas de baixa complexidade da reprodução humana assistida, coito programado e inseminação intrauterina, podem ser indicadas para casais em que a mulher tem menos de 35 anos, boa reserva ovariana, tubas uterinas sem obstrução e ausência de fatores graves de infertilidade masculina.

Já a fertilização in vitro (FIV), técnica de alta complexidade, é uma opção diante de diversos fatores de infertilidade feminina e masculina. Mulheres que passaram por histeroscopia para tratar alguma doença uterina podem chegar ao sonhado resultado positivo no teste de gravidez ao realizar essa técnica.

Caso você tenha recebido o diagnóstico de alguma alteração intrauterina e tenha indicação para fazer uma histeroscopia, converse com o médico sobre as possibilidades de engravidar após o procedimento. Não perca a esperança! Com o acompanhamento especializado, sobretudo se você contar com um profissional que tenha o olhar humano e empático, as chances de ter o seu filho aumentam.