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Avaliação da reserva ovariana

Por Dr. Murilo Oliveira

Chances de gravidez e reserva ovariana: você sabe qual é a relação? Caso tenha dúvidas, saiba que reserva ovariana é o nome dado ao conjunto de óvulos que uma mulher tem nos ovários. Dentro de cada folículo ovariano, existe um óvulo que pode amadurecer e ser liberado para a fecundação.

A avaliação da reserva ovariana é fundamental para realizar o planejamento reprodutivo da mulher e isso pode impactar diretamente no contexto reprodutivo, seja para tentativas de concepção natural, seja para realizar um tratamento de reprodução humana assistida.

O marcador mais fidedigno para estimativa da reserva ovariana é a contagem de folículos antrais realizada por meio de uma ultrassonografia transvaginal no período menstrual e/ou a dosagem no sangue do hormônio antimülleriano. 

A mulher nasce com todos os óvulos que serão utilizados durante a sua vida reprodutiva, e essa quantidade vai se reduzindo com o passar do tempo. A idade da mulher está relacionada, principalmente, à qualidade do gameta, que, por sua vez, também sofre um declínio com o passar do tempo. Dessa forma, o avançar da idade influencia negativamente na qualidade e na quantidade dos óvulos. No entanto, a qualidade dos gametas é o fator que mais influencia na capacidade de engravidar e gerar um bebê saudável.

A avaliação da reserva ovariana envolve marcadores laboratoriais e ultrassonográficos capazes de estimar a quantidade de folículos presentes nos ovários. Contudo, não há exames para avaliar a qualidade das células. Além da idade, outros fatores também podem afetar a qualidade dos gametas, como tabagismo, endometriose, doenças genéticas, obesidade, entre outros.

A baixa qualidade dos óvulos está associada à infertilidade feminina devido ao risco aumentado para formar embriões com alterações cromossômicas, as quais podem resultar em falha de implantação do embrião no útero, abortamento ou desenvolvimento de síndrome cromossômica na criança.

Indicações para a avaliação da reserva ovariana

A avaliação da reserva ovariana é indicada na investigação da infertilidade conjugal. O casal que enfrenta dificuldades para engravidar naturalmente, ao procurar acompanhamento especializado, passa por vários exames, femininos e masculinos.

Embora a avaliação da reserva ovariana não seja realizada de forma rotineira no acompanhamento de pacientes jovens, toda mulher em idade reprodutiva pode solicitar ao seu médico e discutir a aplicabilidade da realização dessa avaliação. Caso ele não se sinta apto a realizar um aconselhamento reprodutivo adequado, sugerimos procurar a avaliação de um especialista em reprodução humana para que você individualize a sua avaliação, tenha um autoconhecimento direcionado à sua fertilidade e faça um planejamento reprodutivo fidedigno. Dessa forma, é possível ter uma ideia da fertilidade presente e futura, inclusive para fazer o congelamento de óvulos, no caso de mulheres que querem adiar a maternidade.

A avaliação da reserva ovariana não é conclusiva em relação às chances de gravidez, pois vários outros fatores podem estar associados à infertilidade do casal. Entretanto, essa avaliação pode indicar fertilidade reduzida e risco de menopausa precoce.

Os exames para avaliar a reserva ovariana também são indicados antes dos tratamentos de reprodução humana assistida para ter uma estimativa da resposta da paciente às medicações hormonais. Com base nisso, podemos prescrever protocolos personalizados de estímulo, com as doses ajustadas de acordo com as necessidades de cada mulher.

Exames para a avaliação da reserva ovariana

A avaliação da reserva ovariana é feita com análises bioquímicas e ultrassonografias. Os principais métodos utilizados são a contagem dos folículos antrais e a dosagem do hormônio antimülleriano.

Saiba um pouco mais sobre esses exames:

Contagem de folículos antrais

Os folículos antrais são visualizados com o exame de ultrassonografia transvaginal e representam um dos estágios de desenvolvimento dos folículos ovarianos. Nesse estágio, eles respondem ao estímulo hormonal, podem crescer até o ponto ideal para a ovulação e liberar um óvulo maduro.

Com a ultrassonografia para contagem dos folículos antrais, podemos avaliar os dois ovários e saber qual é a quantidade de folículos disponíveis para o desenvolvimento pré-ovulatório. O ideal é que esse exame seja feito entre o segundo e o quinto dia do ciclo menstrual. É importante salientar que o uso de medicações hormonais, como anticoncepcional, podem reduzir transitoriamente o número de folículos recrutados, estimando para baixo a contagem de folículos antrais, sem, necessariamente, corresponder a uma baixa reserva ovariana.

Dosagem do hormônio antimülleriano (AMH)

O AMH é produzido por células dos folículos ovarianos primários (pré-antrais) e em crescimento (antrais). Atualmente, esse hormônio é considerado um biomarcador sanguíneo confiável e sua dosagem tem grande valor na avaliação da reserva ovariana.

A contagem dos folículos antrais e a dosagem do AMH apresentam boa acurácia para avaliar a quantidade de óvulos disponíveis e têm poder preditivo para avaliar o potencial de resposta à estimulação ovariana. Isso significa que com esses exames é possível saber se a paciente será má respondedora ao estímulo hormonal, coletando 3 óvulos ou menos para um ciclo de fertilização in vitro (FIV).

Há outras substâncias que podem ser analisadas para estimar as condições da reserva ovariana, como FSH, estradiol e inibina-B. Estes podem complementar a avaliação, mas não são avaliados de rotina, pois não são marcadores isolados tão confiáveis quanto a dosagem do AMH e a contagem dos folículos antrais.

Reserva ovariana e chances de gravidez

A avaliação da reserva ovariana é importante para a realização do adequado aconselhamento reprodutivo da mulher, no presente e no futuro. No entanto, não se trata de um preditor absoluto de fertilidade ou infertilidade.

Uma reserva ovariana baixa não é sinônimo de incapacidade de engravidar. Da mesma forma, a presença de muitos folículos antrais não garante que uma gravidez vai ser confirmada. Outros fatores importantes são: a qualidade dos gametas (tanto dos óvulos quanto dos espermatozoides) para formar embriões saudáveis; a receptividade uterina; as condições das tubas uterinas; fatores genéticos; fertilidade masculina; entre outros.

A avaliação da reserva ovariana é uma etapa importante da jornada, seja para tentar engravidar agora ou congelar seus óvulos para ter chances futuras de gravidez. No entanto, há vários outros aspectos do casal que precisam ser avaliados para maximizar as chances de um resultado positivo. Então, conte com o apoio de um médico especialista e receba orientações individualizadas para avançar pelo caminho certo em direção ao seu sonho.