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Como descobrir se sou infértil?

Por Dr. Murilo Oliveira

Se você está se perguntando sobre “como descobrir se sou infértil?”, saiba que não é a única pessoa a se deparar com dúvidas e desafios a esse respeito. A infertilidade é uma condição que não escolhe raça, sexo ou classe social. Entre 10% e 15% dos casais em idade reprodutiva enfrentam dificuldades para engravidar espontaneamente. E eu, apesar de médico especialista em reprodução humana, apesar de conhecer tudo sobre a fertilidade, estava dentro dessa estatística. A infertilidade não escolhe porta.

Qualquer indivíduo pode descobrir que é infértil e ter que lidar com outra questão: como superar a infertilidade? Nesse sentido, podemos dizer que existem 3 tipos de pessoas: a que está tentando há muito tempo e não entende que tem uma limitação reprodutiva; a que sabe que tem um problema, mas não busca a solução; a que busca ajuda especializada, faz mudanças no estilo de vida e caminha na direção do seu sonho.

Infertilidade é considerada uma doença e existe tratamento. Ela pode ser definida como ausência de gravidez após 1 ano de tentativa em casais com relação sexual frequente e desprotegida. Contudo, se o casal está tentando há 6 meses e não consegue, provavelmente tem algum fator feminino ou masculino que está impedindo a concepção espontânea, pois a maioria dos casais que não têm problemas de fertilidade engravida nos 6 primeiros meses de tentativas.

O primeiro passo para aumentar suas chances — seja de gravidez espontânea, seja com tratamentos de reprodução humana — é descobrir as causas da infertilidade. O diagnóstico precoce pode mudar o rumo de toda a jornada.

Sinais e sintomas para descobrir se sou infértil

Não conseguir confirmar uma gravidez dentro de um ano de tentativas é o principal sinal para o casal descobrir se é infértil. O termo “infertilidade” refere-se ao tempo de tentativas e o “fator de infertilidade” está relacionado à doença, à condição que está impedindo a concepção. 

Então, a próxima pergunta dessa avaliação é: como descobrir se tenho algum fator de infertilidade? Para isso, você pode seguir alguns passos importantes, como observar sinais e sintomas de doenças que podem deixar infértil e procurar ajuda médica especializada para fazer a investigação.

Entre os indícios de doenças que podem causar infertilidade feminina, estão:

  • irregularidades menstruais, como ausência de menstruação ou mesmo ciclos com intervalos mais longos que o normal (mais de 35 dias entre um período menstrual e outro);
  • cólicas menstruais intensas;
  • dor na relação sexual;
  • dor pélvica;
  • corrimento vaginal anormal;
  • escapes de sangramento fora do período menstrual ou após a relação sexual;
  • sinais clínicos de disfunções endócrinas, como acne, seborreia, queda de cabelo, crescimento anormal de pelos e aumento de gordura abdominal.

Já os sinais e sintomas de alterações associadas à infertilidade masculina incluem:

  • dor, inchaço e presença de nódulo na região dos testículos;
  • veias testiculares dilatadas;
  • testículos assimétricos;
  • dor e queimação para urinar;
  • secreção peniana;
  • dor durante a ejaculação;
  • ausência de sêmen ou volume reduzido;
  • redução do desejo sexual e disfunção erétil;
  • redução de pelos faciais e corporais;
  • crescimento anormal das mamas (ginecomastia).

Avaliação diagnóstica do casal infértil

Podemos estruturar a investigação da infertilidade em 3 pilares: avaliação dos gametas, do trajeto dos gametas e do processo de implantação do embrião no útero.

A avaliação dos gametas femininos é feita com ultrassonografia transvaginal para contagem dos folículos antrais, que fazem parte da reserva ovariana da mulher, e dosagem do hormônio antimülleriano. Com esses recursos, podemos avaliar a quantidade de óvulos disponíveis.

Para avaliar a quantidade e a qualidade dos gametas masculinos, utilizamos primeiramente o espermograma, mas existem outras técnicas para aprofundar essa avaliação, se necessário.

O segundo pilar da investigação diagnóstica é a avaliação do trajeto dos gametas masculinos e feminino para que o encontro entre eles aconteça. Na mulher, é preciso averiguar a anatomia uterina e a permeabilidade das tubas uterinas, órgãos que servem de local para a fecundação e transportam o óvulo do ovário ao útero.

No homem, a avaliação do trajeto dos gametas também é essencial, pois existem algumas condições que causam obstruções no trato reprodutivo, impedindo a passagem e a ejaculação dos espermatozoides.

Por fim, na avaliação do processo de implantação, temos que verificar as condições anatômicas e funcionais do útero. Existem muitas alterações uterinas que afetam as chances de um embrião se implantar ou levam a abortamento espontâneo, como: mioma submucoso, pólipo endometrial, endometrite crônica, síndrome de Asherman, entre outras.

Para resumir: na avaliação inicial da mulher, é preciso verificar as condições dos ovários/função ovulatória, das tubas uterinas e do útero. Inclusive, já na primeira consulta, realizamos o ultrassom, que permite avaliar o estado da reserva ovariana e se existem alterações uterinas ou indícios de doenças tubárias.

A partir das primeiras constatações, partimos para os exames complementares, que podem incluir: dosagens hormonais específicas, histerossalpingografia, histerossonografia, histeroscopia, ultrassom especializado para endometriose, pesquisa de trombofilias, de endometrite crônica, etc. A continuidade do processo de investigação é individualizada.

Também é fundamental focar na avaliação do homem, pois a proporção de fatores femininos e masculinos de infertilidade é semelhante. Sendo assim, mesmo que o espermograma tradicional apresente resultados normais, podemos aprofundar a investigação com outros métodos, como o teste de prognóstico seminal (espermograma com capacitação espermática) e o teste de fragmentação do DNA espermático.

Formas de melhorar a fertilidade

O caminho para aumentar as chances de gravidez envolve diferentes condutas. Para começar, é importante fazer um trabalho de otimização para extrair o máximo do potencial reprodutivo de cada casal. Isso inclui:

  • mudanças no estilo de vida para melhorar a qualidade dos gametas — prática regular de atividade física, bons hábitos alimentares, redução do consumo de álcool, tabagismo e outros hábitos nocivos;
  • suplementação nutricional, conforme necessidades individuais;
  • conhecimento sobre o cálculo do período fértil;
  • uso de medicações hormonais, conforme prescrição médica.

Dependendo das doenças diagnosticadas, pode ser necessário fazer tratamento medicamentoso ou cirúrgico. Além disso, as técnicas de reprodução assistida — coito programado, inseminação intrauterina (IIU) e fertilização in vitro (FIV) — são alternativas importantes para o casal que não consegue engravidar espontaneamente. Muitos casais usam o termo inseminação artificial (IA) como sinônimo de FIV ou de tratamentos em reprodução assistida.

Ao descobrir que é infértil, ou melhor, ao constatar que você ou seu parceiro têm algum fator de infertilidade, chega o momento de dar o próximo passo: contar com o acompanhamento de um especialista experiente e humano, que entenda suas necessidades, tenha um olhar individualizado para a sua condição e lhe apresente todas as possibilidades de alcançar o seu sonho de ter o filho nos braços.

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